quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Rufino

Ah! Me veio à memória!
Morro do Chapéu
Depois que Rufino de Lima e Silva  nasceu as coisas não iam bem. As minas de ouro se esgotavam pouco a pouco e ouvia-se falar em abolição. Por azar faleceram dois dos escravos de seu pai, um de gripe forte no mês de maio de 1874 e Francisco, outro escravo, em janeiro de 1875. E faltando poucos meses para o seu casamento, outra infelicidade: falece seu pai João José de Souza Limao "seu João". Como então tocar a lavoura de tabaco sem eles? Rufino desde criança fazia sua parte e ajudava no que podia, mesmo sendo o filho mais novo da família. Então aos treze anos ele perde sua querida mãe  Joana Thereza Ribeiro de Lima, a dona Thereza como era chamada. Desconsolado ficara seu pai viúvo.

Mas a vida lá na roça ia seguindo o seu caminho. Rufino aos 21 anos enamorou-se Rita Carolina de Castro, que também tinha nascido e foi criada na Lagoa ou Alagoa, como era chamado o povoado originado em torno da Capela de Nossa Senhora do Rosário da Alagoa da Aiuruoca, próximo ao Morro do Chapéu; e assim o casamento já estava sendo arranjado. A união foi realizada num dos dias mais frios do ano. As geadas castigaram os cafezais e foram tão intensas, que chegaram a ser notícia no jornal O Baependyano

No dia 26 mês de julho, uma segunda feira do ano de 1875 as serras amanheceram encobertas por uma densa neblina, que parecia escorrer pelos campos, extendendo até o fundo dos vales, indo bater à porta da casa. Os noivos partiram cedo à cavalo, contornaram o Morro do Chapéu em  direção ao povoado do Piracicaba, que ficava a quase légua e meia da fazenda.
Certidão de casamento de Rufino com Ritta Carolina do ano 1875

O casamento foi realizado na  Capela do Santo Antonio do Piracicaba, abençoada pelo reverendo Marcos Pereira Gomes. Terminada a cerimonia, à porta da Capelinha, Rufino foi mais uma vez abraçado pelos seus padrinhos de casamento o "seu" José Florêncio Bernardes e Francisco Antonio de Souza que reiteraram os votos de felicidades ao casal.

Depois que os participantes se dispersaram, Rufino, por um curto momento, sentiu ainda que era menino e ao contemplar o rasgo de azul do céu, que prometia um dia ensolarado, lembrou de seu pai, que havia partido no janeiro último, quando e as chuvas quentes enchiam os rios e transformavam os pastos em um denso tapete verde escuro de capim gordura.

Onze anos mais tarde ele voltaria à  Piracicaba, não mais para celebrar a vida, mas sim para enterrar o seu filho mais novo que falecera em seus braços aos 11 anos de idade.
Assim foi.

Relação de parentesco: Rufino era tio avô de José Ayres de Lima, o Trançador, (Ele era irmão da mãe de José Ayres de Lima a dona Maria Ribeiro de Lima Ayres).


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